Desafios e oportunidades para o avanço da cultura do trigo no Centro-Oeste

Fórum destaca resultados agronômicos e potencial do Estado para o cultivo de trigo - Foto: Fieg / Divulgação
Fórum destaca resultados agronômicos e potencial do Estado para o cultivo de trigo - Foto: Fieg / Divulgação

Fieg e Sindtrigo discutem papel de Goiás na autossuficiência do trigo nacional


Discutir o potencial de Goiás para tornar o Brasil não só autossuficiente na produção de trigo, mas também inverter a balança comercial, transformando o País em exportador do grão. Foi com esse desafio que o Conselho Temático da Agroindústria (CTA) da Fieg e o Sindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-Oeste (Sindtrigo), em parceria com a Embrapa, promoveram quarta-feira (13/12) o fórum O Papel de Goiás na Autossuficiência do Trigo Nacional.

O evento reuniu, na Casa da Indústria, industriais, produtores e demais atores representativos da cadeia tritícola. Na oportunidade, foram abordados resultados agronômicos do projeto Transferência de Tecnologia ao Cultivo de Trigo em Goiás. O fórum contou ainda com painéis e palestras, que apresentaram detalhes sobre o potencial do Estado para o plantio do grão.

"Precisamos diversificar nossas culturas em Goiás. E o CTA-Fieg está aqui para incentivar esse movimento e fomentar o desenvolvimento em nosso Estado", afirmou Marduk Duarte, presidente do conselho, ao falar sobre o potencial do trigo em Goiás e explicar que a Fieg está se movimentando para ampliar o escopo de estudo sobre as cadeias produtivas goianas, abordando também o setor de trigo e arroz. "Contamos com a parceria do Sebrae nessa construção", afirmou.

Dados da Embrapa mostram que a área propícia ao cultivo do trigo tropical no Brasil é estimada em 4 milhões de hectares, sendo 1,5 milhão disponíveis ao cultivo irrigado e 2,5 milhões ao cultivo sequeiro. Considerando a área potencial de produção de trigo tropical, apenas 12,5% são cultivados com o cereal. Os cultivos abrangem, além dos Estados da região Centro-Oeste, Minas Gerais, São Paulo e Bahia.

"Temos muito espaço para aumentar a cultura do trigo em Goiás. Além de área para cultivo, nossas indústrias já possuem capacidade instalada para processar 700 mil toneladas/ano do grão. Entretanto, nossa produção está na casa de 300 mil toneladas/ano", argumentou Sérgio Scodro, presidente do Sindtrigo.



Ele explicou que a qualidade do trigo plantado em Goiás é comparável ao que é produzido no exterior e que é preciso superar alguns desafios para avanço da cultura no Estado, como aumentar o diálogo com os produtores de soja e equacionar a questão da armazenagem. "Estamos confiantes nesse avanço e empenhados nessa parceria técnica com a Embrapa para incentivar a cultura do trigo na região."

POTENCIAL DO CENTRO-OESTE

Apesar do Brasil não figurar entre os principais players mundiais na produção de trigo e de o cultivo do grão em território nacional estar concentrado no Sul do País (92%), vem de solo goiano o resultado de máxima eficiência na produção de trigo. Em 2021, no município de Cristalina, o Brasil atingiu o recorde mundial de produtividade/dia de trigo (80,9 kg/ha/dia), chegando a 9.630 kg/ha, em lavoura comercial em sistema irrigado.

"Sem o trabalho da Embrapa, não estaríamos aqui. O avanço na pesquisa para o cultivo na cultura no Centro-Oeste proporcionou isso. A COOPA-DF também foi fundamental nesse fomento. Acredito que o trigo é o futuro para o nosso Estado", afirmou o produtor Paulo Bonato, detentor do recorde mundial de produtividade.

Opinião semelhante foi compartilhada pelo chefe-geral da Embrapa-Trigo, Jorge Lemainski. "A agricultura é movida a ciência. Prova disso foi o salto de produção que o Brasil experimentou nas últimas quatro décadas", afirmou, ao detalhar que a agricultura do País saiu de uma produção anual de 58 milhões de toneladas, em 1984, para 320 milhões de toneladas/ano, em 2023. "A melhoria gradual está nos levando ao objetivo."

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

No seminário, Lemainski destacou ainda desafios que precisam ser superados para um maior avanço da cultura do trigo no Centro-Oeste, dentre eles a pesquisa e transferência de tecnologia, capacitação técnica e equalização do custo de produção, que hoje é quase o dobro do que é operado na Argentina. "É fundamental termos competitividade internacional, reduzindo custos com o aumento de área plantada."



No âmbito das oportunidades, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Ailton Vilela, ressaltou que o Sul do Brasil se aproxima do teto produtivo da cultura. "Por isso a importância dessa expansão para outras regiões."

Nesse sentido, o produtor Cláudio Malinski, que também é responsável técnico da COOPA-DF, defendeu que Goiás tem potencial para se tornar protagonista nessa produção. "Trata-se de uma cultura que permite ganhar dinheiro, com manejo que traz excelentes resultados. O Estado tem potencial para tornar o Brasil exportador de trigo, revertendo o atual cenário de importação."

O presidente da Associação dos Triticultores de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Abrahin, destacou que o cenário é de crescimento para o cultivo da cultura na região. "Nos entusiasma ver isso avançando."

O fórum O Papel de Goiás na Autossuficiência do Trigo Nacional contou ainda com apresentações de Álvaro Dossa (Embrapa Trigo), Marcio Só e Silva (Semevinea), Rodrigo Zuccolin (Moinho Vitória), Kênia Meneguzzi (Biotrigo Genética), Jonathan Pinheiro (Stonex Brasil), Josemere Both (OR Genética), Rafael Nornberg (OR Genética) e Léo Lobo (Leon Capital), além de painel com representantes de moinhos compradores locais.

O seminário foi transmitido ao vivo pelo Youtube e pode ser assistido abaixo ou no link.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Consultor político brasiliense cai no gosto dos políticos de Mato Grosso

Governo de Goiás vai elaborar projeto de duplicação da BR-364, entre Jataí (GO) e Rondonópolis (MT)

Valparaíso poderá ter o Selo de Responsabilidade Social de Apoio às Mulheres